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12/06/2015

♥ "Um ao lado do outro, - assim juntinhos" ♥


" Namorados "

Um ao lado do outro, - assim juntinhos,
mãos enlaçadas num enlevo infindo,
- seguem... a imaginar que estão seguindo
o mais suave de todos os caminhos...

Com gravetos de sonho vão construindo
na terra, como no ar os passarinhos,
a esplêndida ilusão de um mundo lindo,
entre beijos, sorrisos e carinhos...

Nada tolda os seus olhos... Nem um véu...
Andam sem ver os lados, vendo o fim
e o fim que vêem é o azul do céu...

Ah! se a gente, tal como namorados,
pudesse eternamente andar assim
pela vida a sonhar de braços dados!

(Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
Eterno Motivo; - Prêmio Raul de Leoni,
da Academia Carioca de Letras - 1943 )


"Os casais bonitos são aqueles que acima de namorados, são amigos."
Celebramos o AMOR
Amara Mourige

05/06/2015

Canto integral do amor

Cegos os olhos, continuarias de qualquer forma,. presente,
surdos os ouvidos, e tua voz seria ainda a minha música,
e eu mudo, ainda assim, seriam tuas as minhas palavras.

Sem pés, te alcançaria a arrastar-me como as águas,
sem braços, te envolveria invisível, como a aragem,
sem sentidos, te sentiria recolhida ao coração como
o rumor do oceano nas grutas e nas conchas.

Sem coração, circularias como a cor em meu sangue,
e sem corpo, estarias nas formas do pensamento
como o perfume no ar.

E eu morto, ainda assim por certo te encontrarias
no arbusto que tivesse suas raízes em meu ser,
- e a flor que desabrochasse murmuraria teu nome.

(Poesia de JG de Araujo Jorge – extraído do livro
Os mais belos poemas que o amor inspirou- 1965)

  Amara Mourige                                    

12/04/2015

As caricias do olhar são as mais adoráveis


" As Carícias do Olhar "

Auguste Angellier
(francês – 1848 / 1911)

As caricias do olhar são as mais adoráveis,
chegam ao fundo da alma, aos limites do Ser,
e libertam assim segredos inefáveis
de outro modo em silencio, a sem ninguém saber.

Os beijos puros são grosseiros junto a elas,
mais que qualquer palavra o seu falar é forte,
nada exprime melhor, no mundo, as coisas belas
que passam num momento, em efêmera sorte.

Quando a idade envelhece a boca em seu sorrir
que as rugas vão marcando aos poucos de amargura,
intacta ainda mantém sua límpida ternura.

Feitas para inebriar, consolar, seduzir,
guardam toda a doçura, e os ardores e o encanto!
Que outra caricia em luz trespassa o nosso pranto?


( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"



Amara Mourige

14/08/2014

♥ O verbo amar ♥


O verbo amar

Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
que a alma da gente faz escrava.

Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.

Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...

Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!

(Poema de JG de Araujo Jorge
do livro -Bazar de Ritmos- 1935)

♥♥
Amara Mourige   

02/04/2014

♥ Soneto à tua volta ♥

Voltaste, meu amor... enfim voltaste!
Como fez frio aqui sem teu carinho....
A flor de outrora refloresce na haste
que pendia sem vida em meu caminho.

Obrigado... Eu vivia tão sozinho...
Que infinita alegria, e que contraste!
-Volta a antiga embriaguez porque voltaste
e é doce o amor, porque é mais velho o vinho!

Voltaste... E dou-te logo este poema
simples e humilde repetindo um tema
da alma humana esgotada e envelhecida...

Mil poetas outras voltas celebraram,
mas, que importa? – se tantas já voltaram
só tu voltaste para a minha vida...



(Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Eterno Motivo" " - Prêmio Raul de Leoni,
da Academia Carioca de Letras - 1943)


Amara Mourige

04/10/2013

Ah, queima-las não pude...


" Velhas Cartas de Amor "
Hector Pedro Blomberg
(argentino - 1890)

Ah, queima-las não pude... É que elas - quem diria?
guardam murchas assim tua morta paixão
- a febre de uma noite, as lagrimas de um dia -
como o eco já sem voz de uma ultima canção.

Tuas cartas! - num tempo a que eu retornaria –
fizeram palpitar de amor meu coração...
Depois, veio o silêncio, a distância, a agonia,
e o bálsamo do tempo - a cruel consolação!

Vivem nelas ainda um romance apagado,
a luz da mocidade, o fogo de um passado,
a gloria de uma vida aos vinte anos em flor...

Ontem, contava-as, sim - com um gesto indiferente...
Mas sobre elas caiu uma lagrima ardente ...
... E não pude queimar tuas cartas de amor...


( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. IV - 1a edição 1965)
Amara Mourige

16/08/2013

Me lembro, ah, se me lembro...

" Ah, o Amor... "

Me lembro, ah, se me lembro... Eu lembraria
por mil anos ainda o que sofri;
era angústia, era dor, era agonia,
era... meu Deus! Como sobrevivi?

Ainda ouço a tua voz - cruel e fria -
renegar todo o amor que havia em ti,
ou pelo menos, que eu julguei que havia,
até... aquele instante em que te ouvi.

Depois, depois... E só eu sei o quanto
cego e faminto atropelei meus passos,
e quanta vez me vi no próprio espanto;

só eu sei... Mas voltaste... Ah, a mulher...
Ah, o amor... Fecho os olhos, abro os braços!
... Que seja tudo como Deus quiser!


( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
♥♥
Amara Mourige

22/05/2013

Amor...de mentiras

Amor...de mentiras

Eram beijos de fogo, eram de lavas,
e sabiam a sonhos e ambrosias.
Com pensar que a boca com que os dava
era a mesma afinal com que mentias?

Se eras as mais humilde das escravas
em dádivas, anseios, alegrias,
- como prever que o amor que me juravas
seria mais uma das tuas heresias ?

Como supor ser tudo um falso jogo?
E crer que se extinguisse aquele fogo
que acendia em teus olhos duas piras?

E descobrir, - no instante em que me amavas, -
que em tua boca ansiosa misturavas
ao mesmo tempo beijos e mentiras ?


Eram brancas as mãos, brancas e puras,
mãos de lã, de pelúcia, mãos amadas...
Como prever, vendo-as fazer ternuras,
que nas unhas traziam emboscadas ?

Era tão doce o olhar... em conjeturas
felizes, e em promessas impensadas...
Como enxergar, portanto, as amarguras
e as frias traições nele guardadas ?

Como pensar em duas, se somente
uma eu tinha em meus braços, e adorava,
e a outra, - uma impostora, - se mantinha ausente.

E, afinal, como ver, nessa alegria,
que o amor que tanta Vida me ofertava
seria o mesmo que me mataria ?

( Poema de JG de Araujo Jorge
extraído do livro Epera- 1960 )

Amara Mourige

26/10/2012

E a maior das tristezas é a tristeza


Eu hoje acordei triste, - há certos dias
em que sinto esta mesma sensação...
E não sei explicar, qual a razão
porque as mãos com que escrevo estão tão frias...


E pergunto a mim mesmo: - tu não rias
ainda ontem tão feliz... diz-me então
por que sentes pulsar teu coração
destoando das humanas alegrias?...


E, nem eu sei dizer por que estou triste...
Quem me olha não calcula com certeza,
o imenso caos que no meu peito existe...


A tristeza que eu sinto ninguém vê...
E a maior das tristezas é a tristeza
que a gente sente sem saber por quê!...

J.G de Araújo Jorge
♥♥
Amara Mourige


21/10/2012

Chovia...chovia



Chovia...chovia

Naquela tarde, como chovia!

Me lembro de que a chuva caia
lá fora
sem parar,
e seu surdo rumor até parecia
um sussurro de quem chora
ou uma cantiga de embalar...

Me lembro de que tu chegaste
inquieta, ansiosa,
mas logo te aconchegaste
em meus braços, quietinha...
(...enroladinha como uma gatinha...)

E eu quase não sabia que fazer:
se de encontro ao meu peito te deixava adormecer...
se te mantinha acordada, para seres minha...

Me lembro que chovia, chovia sem parar...
E que a chuva caía a turvar as vidraças
anoitecendo o quarto em tons baços...
Me lembro de que te sentia
aconchegada em meus braços...
Me lembro de que chovia...
E de que era bom porque chovia,
e porque estavas alí, e porque eu te queria...
Sim, me lembro que tudo era bom...
E que a chuva caía, caía,
monótona, sem parar,
naquele mesmo tom...

Naquela tarde, amor, como chovia!

Agora, quando longe de ti, nem sou mais eu
em minha melancolia,
não posso mais ouvir a chuva cair
que não fique a lembrar tudo que aconteceu
naquele dia...

Naquele dia
enquanto chovia...
( Poema de JG  de Araujo Jorge,
extraído  do  livro A SÓS... , 1958 )

♥♥ 


Amara Mourige

01/09/2012

♥ Há de ser meu para eu morrer de Amor!



Exaltação do amor

Sofro, bem sei... Mas se preciso for
sofrer mais, mal maior, extraordinário,
sofrerei tudo o quanto necessário
para a estrela alcançar... colher a flor... 

Que seja imenso o sofrimento, e vário!
Que eu tenha que lutar com força e ardor!
Como um louco talvez, ou um visionário
hei de alcançar o amor... com o meu Amor! 

Nada me impedirá que seja meu
se é fogo que em meu peito se acendeu
e lavra, e cresce, e me consome o Ser... 

Deus o pôs... Ninguém mais há de dispor! 

Se esse amor não puder ser meu viver
há de ser meu para eu morrer de Amor! 

(Poema de JG de Araujo Jorge
do livro -Bazar de Ritmos- 1935)

Amara Mourige

22/07/2012

♥Eu farei versos...e serei feliz...


Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escutá-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revivê-los nas
lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.


J. G. de Araújo Jorge




 Amara Mourige

04/06/2012

Quando Deus fez uma manhã como esta estava com certeza apaixonado...


Manhã para se feliz

Esta é uma manhã para ser feliz
em um lugar, de algum modo,
é uma manhã para ser feliz...

Esta é uma manhã para dois, para dois juntos
abraçados e tontos, num remoinho
não como nós, eu aqui, diante do sol, das árvores,
de tudo envergonhado porque estou sozinho...

Esta é uma manhã que me fala de ti, nas nuvens,
na transparência do ar,
neste azul do céu, imaculado,
na beleza das coisas tocadas de sonho
e imaturidade...

Uma manhã de festa
para ser feliz de verdade!
Esta é uma manhã
para te Ter ao meu lado...

Quando Deus fez uma manhã como esta
estava com certeza apaixonado...

(Poema de JG de Araujo Jorge –
do livro - Espera- 1960)

J. G. de Araújo Jorge (José Guilherme de Araújo Jorge) nasceu na Vila de Tarauacá, no Estado do Acre, aos 20 de maio de 1914.
Faleceu no dia 27 de janeiro de 1987.

Amara Mourige